tag:blogger.com,1999:blog-83707622072349686692024-03-14T12:03:17.140+00:00ImPerfeitaMaresiaSalomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.comBlogger43125tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-72018479377916368612013-12-13T01:25:00.004+00:002013-12-13T01:25:45.220+00:00Vincos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGyROlsCeNJqrMLUbAvRKQMVnIbPhXvrBRErw8tDZMzS3ZZ0gW8SSgmrLEaDO2M7LP0w61rXVVdNItJqc7_bir6sudRw69Pzr1ej6z5SImpB2DjuJG7SeNuzPF9Aa_hgHjYZZ7RYY1GIU/s1600/cafe3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="224" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGyROlsCeNJqrMLUbAvRKQMVnIbPhXvrBRErw8tDZMzS3ZZ0gW8SSgmrLEaDO2M7LP0w61rXVVdNItJqc7_bir6sudRw69Pzr1ej6z5SImpB2DjuJG7SeNuzPF9Aa_hgHjYZZ7RYY1GIU/s320/cafe3.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
Não foi o encontro com o ex amante mas o encontro do espaço de ambos. As mesmas árvores, de folhas cor de outono, as mesmas cadeiras, o mesmo aroma a café quente. O espaço não tinha mudado na manhã de domingo, vinte e seis anos depois. Talvez a pequena esplanada semi envidraçada não existisse e ela nem se lembrava disso muito bem.
Não seria ex amante. Apenas ex. Ex namorado. Ex qualquer coisa porque perdeu também o sentido das definições e interpretações. Ex amante, se amante é aquele que se ama e ele teria sido um homem que ela amou. E ao que parece, passado vinte e seis anos depois e depois do aleatório a ter conduzido até ali, a similitude de não se saber definir no espaço do homem, de agora e que talvez, e apenas talvez, a tenha numa lista de prioridades sem paralelo com outros nomes. Porque há que dar nomes às pessoas e às coisas e ao que é possível de ser nomeado de algum significado. E significado será o sentido do ombro e do colo, dos abraços e dos risos cúmplices. Dos sorrisos, novamente! Sempre os sorrisos! E dos espaços e dos tempos, não novamente, mas numa espiral de contextos de palavras que por si só surgem com tantos equívocos.
E as posições que nunca se invertem, quando se desequilibram as pautas, porque se pautam os passos lentos e inseguros.
Pediu o café quente. Muito quente. Podia ter sido um chá de canela e maçã. Mas não foi. A caneca branca do chá, igualzinha às outras, está sozinha entre uma multidão de frutos que não sabem a maçã e o cheiro é de cidra. Daí o café quente.
Chamaram-lhe menina sem o ser. Vinte e seis anos depois há rugas no rosto. Muitas e vincadas. Vincos ou sulcos ou marcas ou sinais. E as mãos, igualmente enrugadas, parecem trazer o glamour de mulher que não era há vinte e seis anos atrás. Mas entre menina e mulher, o amor e sempre o amor, e a indefinição do substantivo que deveria oferecer substância ao adjetivo que ela perguntou mas que ele não sabe qual. Ele. De agora.
E o agora que se toca com o passado e porque parece sempre complicado a um homem verbalizar o verbo proibido ou não será proibido e apenas o verbo não exista na boca dele mas apenas na página do dicionário deixado frio na estante. Os dicionários deixam-se quando as mil e uma noites de sedução de lenços transparentes e músicas enfeitiçam e dançam de ventre liso e ele se conduz por outros corpos que não dela e que não precisam de conceitos definidos, nem abstratos mas muito concretos. E amar é demasiado abstrato! Os corpos quentes e provocadores, esses são concretos e não se amam.
E nesta mistura de palavras escritas em torrente o café quente esfria na chávena pequena e o açúcar não chega para adoçar a alma. Levanta-se na hora do meio da manhã e regressa a si. Ou no que muito simplesmente pode ser esse seu si!
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Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-73354351702164359302013-04-03T20:46:00.000+01:002013-04-04T00:01:01.367+01:00Penso, logo duvido<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEix_u707LUa6n5qze1FypMJmahYL5XZBWlqtAtNWybvy0oCvGqLLJ2RB9FmQaXZ97Gy1JJ-LRs7KZPVYv9FSXykx7aUKCVr639YS5ZrA_xQS7ezMZbVRSnFc_8UFMQ7RytMVS3mWqv5xp0/s1600/perfect.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEix_u707LUa6n5qze1FypMJmahYL5XZBWlqtAtNWybvy0oCvGqLLJ2RB9FmQaXZ97Gy1JJ-LRs7KZPVYv9FSXykx7aUKCVr639YS5ZrA_xQS7ezMZbVRSnFc_8UFMQ7RytMVS3mWqv5xp0/s400/perfect.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="background: white; color: #333333; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 11.5pt; line-height: 135%;">A minha
cozinha cheira a café quente. Encho a jarra de rosas brancas e estrelícias, sem
convenções que me possam apertar o peito. O meu gato é uma «oreo» esquecida no
prato pela cabeça de vento do meu filho e olho para as horas de um tempo <span class="textexposedshow">que passa na casa ainda adormecida, entre sol frio e
vento que puxa chuva, vinda do meu mar, além da Serra do Nunca.</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">Nunca, assola-me perfeito na imperfeição dos meus
dias. Que seja imperfeita, então! Prefiro assim. Um caminho alheio a linhas
retas que não encontram o infinito e que não fazem parte do meu presente quase
futuro. Escolho as curvas e contra curvas enroscadas entre o rio e as giestas,
aquelas que desafiam a moral estúpida e formatada, com odor a circo e repasto
grosseiro.</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">Creio que os silêncios também se dizem, mesmo que
incompreensíveis para gentes domesticadas em dias de Páscoa, sem entendimento
para além do roxo da redenção, esquecida do branco com que se veste a vida. A
minha, pelo menos!</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">Pergunto-me se chegas e em que sentido obrigatório
e não espero pela resposta. Penso em demasia. Se penso, duvido e a dúvida não
entra nas cores com que escolhi vestir-me.</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">Encho a chávena de café forte e o açúcar mexido com
pau de canela aromatiza a leitura da linha que contradiz o destino traçado por
um deus inexistente.</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">O meu deus é homem. Que toco e cheiro e em que me
peco sem religiões ou espartilhos. Só na imperfeição do meu Nunca em curvas
finitas, definidas sem reflexões, só sentidos. Um amor empírico, categorizado
num espaço sem tempo.</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">Pergunto-me se voltas. E não penso.</span><br />
</span></i></div>
<div style="text-align: left;">
<i><i style="background-color: transparent;"><span style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-size: 11.5pt; line-height: 135%;"><span class="textexposedshow">Rio, da moral de repasto e circo!</span></span></i></i></div>
<i>
</i><br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/wYD5UJnIjFU" width="420"></iframe>
Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-20664028699287874842013-04-03T20:36:00.001+01:002013-04-03T22:59:52.041+01:00O outro lado da outra...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIT9QgsHbAZYUpaMgZ8N8aeBsRT8Z3ZZ15oh2ym96cZYS1O47yRbpqg9R8KV4n4pYE1apG4nK1NR9omKOX4rjLHBsamuLi806tUtQX9TEU07bNRZM5x0VS-saSrKYsUxUJzZfhfg-ywXk/s1600/outra+dois.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIT9QgsHbAZYUpaMgZ8N8aeBsRT8Z3ZZ15oh2ym96cZYS1O47yRbpqg9R8KV4n4pYE1apG4nK1NR9omKOX4rjLHBsamuLi806tUtQX9TEU07bNRZM5x0VS-saSrKYsUxUJzZfhfg-ywXk/s400/outra+dois.jpg" width="400" /></a></div>
Estigmas tatuam identidades generalistas e com tatuagens pérfidas, marcadas a tinta permanente. A «outra» é um desses estigmas socialmente marcados por uma moral irrefletida, de fácil absorção, de fácil estereotipo que se transforma continuamente no preconceito que se grita a mil ventos, culturalmente formatado e de um provincianismo digno de uma crítica de costumes.
A outra é a destruidora de lares, implacável sedutora, apenas fémea, que veste Prada, perfuma-se de Chanel, ameaçadoramente dentro de uma saia justa e decote pronunciado, lábio mordido, deslumbrante boneca de conteúdo vazio, no cabelo cuidadosamente penteado. A outra é perigosa. Não tem escrúpulos nem respeito. Demolidora de casamentos perfeitos e causa da depressão bárbara de donas de casa que perdem dono e rumo. Pecadoras de santos maridos que caem em tentação sem culpa. Pobres homens inocentemente levados pela luxúria que temem em não querer.
Este é o estigma. E depois há a «outra», que tal como indica o nome, se indefine sem nome, porque é uma identidade proibida de se pronunciar na sala de jantar, durante a novela que se vê em família e no sofá repousante de final de noite.
A «outra» também é mulher afinal! Não veste Prada muitas das vezes. Opta por ser simples outras tantas. Vai ao supermercado e enche de frutas e legumes e leite e iogurtes o carrinho das compras onde empurra a vontade dos filhos e os gostos gulosos de cada um dentro da sua casa. Sim! A «outra» também tem um lar. Também limpa o pó e passa a ferro as t-shirts os jeans e os lençóis. A outra calça pantufas muitas das vezes, em vez dos saltos altos e substitui a lingerie provocante por um pijama confortável de cores pastel e mimos infantis.
A «outra» apressa mochilas pela manhã, estaciona em frente à escola dos filhos, prepara pequenos-almoços e sumos de laranja. Também tem as mãos enrugadas do detergente e nem sempre lhe apetece fazer a depilação conforme marcado na esteticista do bairro.
E depois de todos os papeis que lhe são atribuídos no seu papel de não outra, ela espera! Sim. A «outra» é aquela que espera pacientemente por umas duas, três, no máximo umas quatro horas semanais, numa semana de sete dias com vinte e quatro horas, cada um deles! A «outra» é aquela que só pode tocar com o olhar quando está em público. Não lhe é permitido troca de dedos e de beijos na face roubados. Não pode frequentar o shopping preferido de mão dada, nem abraçar na maresia da praia durante o dia com sol a pique. A «outra» tem que ser aquela do pôr-do-sol, refúgio dos amantes camuflados de um esconde-esconde que por vezes sobressalta a alma. A «outra» não tem férias a dois, nem sofá à noite. Nem o filme enrolada na manta partilhada. Não telefona para o número da família, nem tem domingos de bicicleta e pão quente na padaria da vila.
A «outra» também se define como o colo cúmplice, de quando tudo está mal no lar doméstico perfeito, que não é assim tão perfeito afinal! A «outra» é sexo sim, mas numa mistura de um amor que sabe sempre a pouco, quando a despedida marca as horas de correr para o jantar em família. A «outra» ouve. A «outra» abraça. A «outra» mima. A «outra» ri quando quer chorar. A «outra» ama em silêncio. A «outra» perde amores. Deixa passar os homens na sua vida sem bilhete de entrada para o palco do teatro do seu quotidiano. A «outra» finge que não ouve a voz do outro lado da linha e retira a cabeça do ombro a disfarçar que se interessa, num repente, pelo que está do outro lado da janela do carro.
A «outra» afinal não é uma outra. É gente. Tem um nome. Tem sinais na pele. Tem uma impressão digital que também é única. Um bilhete de identidade. Mas de estado civil socialmente inaceitável e que cai no anonimato dos dias e das horas que não podem ser as suas!
A outra afinal não tem aspas porque muitas, tantas e demasiadas vezes, ela é ela, quando a esposa se torna afinal na outra que obrigatoriamente se tem em casa!
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Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-76759080994185456682012-08-16T01:54:00.001+01:002012-08-16T01:54:50.389+01:00Janela indecorosa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsdYv7aKxFH2v9-cHpWfEoYDdC5s7-xC9ge8xmNv3nQKuQMVYEZB8RRP0NMMAbkyDRe4XkpxBkA3rvU0t9y1ZY-ZE_-nCdpAiN90mI419pY36TmBmaiSXL4zdF6FpYuoAA8B5cUtuiOKo/s1600/na+janela+dois.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="400" width="292" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsdYv7aKxFH2v9-cHpWfEoYDdC5s7-xC9ge8xmNv3nQKuQMVYEZB8RRP0NMMAbkyDRe4XkpxBkA3rvU0t9y1ZY-ZE_-nCdpAiN90mI419pY36TmBmaiSXL4zdF6FpYuoAA8B5cUtuiOKo/s400/na+janela+dois.jpg" /></a></div>
Não plantei amores-perfeitos. Levou-os as chuvas atípicas deste Agosto imperfeito. Foram-se também as palavras das ideias difusas e sem o sal agreste do nosso mar que fica aquém do sonho daquele horizonte que tu e eu sorvíamos na pele quente um do outro. Confundi as cores lilás e amarelas com o branco das flores daquela magnólia que ficaram por nascer. Ainda!
Vi o sol tímido de um laranja doce na colina que desvenda a janela de um quarto, de uma cama por desfazer, da pressa da fome urgente, do nosso cheiro imiscuído no suor perfeitamente amargo das tuas pernas abrindo indecorosamente as minhas. Reflectiu a memória do desenho, da forma esculpida do meu seio na tua boca rosada, sabor a amora de uma montanha agreste, que me despenteia o cabelo liso e da tua língua que escreve intensa o meu ventre exclusivamente teu.
Não plantei amores-perfeitos! Temos um tempo fora do tempo que dói dentro de uma alma misturada de búzios e margaridas salpicadas na encosta. Mas tenho o teu sumo transformado em seiva vermelha que corre lânguido no meu corpo pequeno mas grande de ti. E a janela! Na colina, daquele quarto…
<iframe width="560" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/LEVXxlVA6GY" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-59933940415496463712012-08-05T01:36:00.003+01:002012-08-05T01:36:31.577+01:00Hipoteca...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXfY1pSVRkc5lxVI8tBA9AgXkBOr0z61leKl_bBTZsy-ocVaoaTIWCHoXguySeLjUHVw3E8S7U-dx7l4Rn4k0rUnMhcYaTPrUkPi4PWVmYmJWTZn8BZaY1qUbzismiv9hUPD2G0HR_sdY/s1600/amor.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="300" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXfY1pSVRkc5lxVI8tBA9AgXkBOr0z61leKl_bBTZsy-ocVaoaTIWCHoXguySeLjUHVw3E8S7U-dx7l4Rn4k0rUnMhcYaTPrUkPi4PWVmYmJWTZn8BZaY1qUbzismiv9hUPD2G0HR_sdY/s400/amor.jpg" /></a></div>
- Quanto custa o amor?
- A casa escondida nas sebes, a piscina, de águas límpidas da tua montanha, o limoeiro carregadinho de limões, a laranjeira de laranjas bravias. Não deves esquecer também de embrulhar a cerejeira doce e todos os amores-perfeitos do teu jardim. Separa-os das roseiras, os espinhos tiram a perfeição, por isso podem ficar as rosas. Imprescindível a lua com mel no país das mil e uma noites, onde os véus cobrem o rosto triste das mulheres mal amadas e a música desencanta a paixão dentro do teu quarto. Custa isso também! E o nome. O teu nome na vila onde tudo é perfeito e o exemplo da aliança que tem cheiro de altar e de virgem Maria.
Ele olhou para o infinito de rosto fechado. Não respondeu à mulher que trazia o amor nos olhos e nas mãos. Pegou na mochila pesada de qualquer coisa e seguiu caminho, rumo à montanha, virando o corpo ao mar e ao Vento do Norte. Caminhou a passos lentos sem pressa de regresso. E o amor ficou. Mas sem a hipoteca da venda do nunca que nunca será seu!
<iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/C7J4zAjLgmc" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-36697416921365199022012-06-13T01:42:00.001+01:002012-06-13T01:46:03.120+01:00Ponto e vírgula<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfpVJYvQ3VhFw_ufoGtxVAU3FreqVoPrLQ8-VmMxr_FXh_jKATKT9q2v59ySJRwgHVY4RpssvmcvxEyyRfqdIRhr4YGVYionGcv2Gng9IDkHZNtcZt4QVgSKaVfJXW4bVXcwU85lgQ8PE/s1600/ESCORR%257E1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="342" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfpVJYvQ3VhFw_ufoGtxVAU3FreqVoPrLQ8-VmMxr_FXh_jKATKT9q2v59ySJRwgHVY4RpssvmcvxEyyRfqdIRhr4YGVYionGcv2Gng9IDkHZNtcZt4QVgSKaVfJXW4bVXcwU85lgQ8PE/s400/ESCORR%257E1.JPG" /></a>
Ele acha que «era uma vez». Uma história imaginária com ponto final feliz em rosa.
Ela explicou-lhe, sem justificações, que há uma vírgula entre o ponto e o final. Um nó que não pode ser cego. Mas apenas um ponto com um nó que magoa os pulsos e cala em silêncios as palavras que costumam brotar num rosário profano.
Ele não sabe porquê. E indetermina a conjugação verbal. Uma linha de cada vez, no seu ego masculino que descomplica, naturalmente, as histórias de uma Terra do Nunca.
Ela acha surreal. E muda de parágrafo. Segue insegura por linhas incertas e momentos há que o impossível toma conta da sua alma. Mas muda de parágrafo. Apenas! E apenas é uma palavra minúscula de um tamanho enorme, que deixa em aberto o capítulo final de uma página em branco, deixada solta, entre o meio, de um romance escrito, a tinta permanente mas ainda digitalizado, e apenas, outra vez, na pele dos dois!
<iframe width="560" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/26PAgklYYvo" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-35236322909005840762012-06-04T01:18:00.002+01:002012-06-04T01:18:58.793+01:00Efeitos...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6kpBJXedxyR8yjD05Lr6oMUUP4dPgq73PjIy1WMuCYm4BgH1YLVCjX_pb7Cfpz4SxEkrDSQedpRf860o96vuDLnTBO4znIekI39DnPDi4WtQbUyU8SdxoTW3PZ_EY9oLZfYwCmGyVRos/s1600/olhos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="400" width="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6kpBJXedxyR8yjD05Lr6oMUUP4dPgq73PjIy1WMuCYm4BgH1YLVCjX_pb7Cfpz4SxEkrDSQedpRf860o96vuDLnTBO4znIekI39DnPDi4WtQbUyU8SdxoTW3PZ_EY9oLZfYwCmGyVRos/s400/olhos.jpg" /></a></div>
Isto é mais ou menos assim. Toma-se um banho pela manhã. Depois sem pressa, porque é domingo, o corpo senta-se na cama ainda com os lençóis enrolados e amacia-se de um creme que hidrata os poros como se vaporizasse a alma e a deixasse respirar pela pele mimada. Não vale a pena olhar a mensagem que não chega. Porque é domingo. Por isso apenas se sorri pela memória recente de uma noite surreal. Não faz mal ser domingo. A semana só começa depois!
Pensa-se outra vez no corpo que foi deixado por segundos. O creme, em pequenos movimentos, perfuma devagar o quarto quente, que deixa entrar o sol, aquele tal, que começa atrás da serra. Olha-se os vestidos mas opta-se por uns jeans bem práticos. Não se dispensa o top azul com pequeno brilho de olhos nem as sandálias pretas, bem altas, que transformam os jeans num corpo apetecível. O cabelo indomável e maquilhagem, hoje, suficientemente, suave. Mas o cabelo, esse será sempre indomável e longo, a cobrir as costas nuas! Olha-se e vê-se bonita. Depois é o sair para a rua. O café e o livro. E desta vez a história que não terminou mesmo nada bem. E finge que não vê os olhares que talvez, apenas talvez, gostariam de ser as letras do livro dela ou a chávena branca do café quente. E depois, porque continua a ser domingo, o almoço em família grande. Os risos. A mesa comprida. As conversas cruzadas. A política. A vizinha do lado. A Selecção! E os filhos e as sobremesas partilhadas. Quase tudo calmo. Quase tudo de uma normalidade que nunca saiu do lugar. E a família, que quase substitui a toalha branca da mesa por aquela em tons verde esperança. Esperança da calma normal. Outra vez! E olha-se as horas e espera-se o começo da semana. E num quase findar de dia, quando os minutos resvalam para a madrugada, a rapariga bonita aparece no ecran de moldura de sonhos e imaginação real. De curvas perfeitas. Do decote que convida e chama, da idade que ainda não se conta. Da cor de cabelo tão diferente do dela! E é tudo tão diferente! E ainda é domingo! E os jeans deixaram naquele momento de combinar com as sandálias pretas de salto alto, o cabelo deixou de vestir as costas nuas, e ela recusa-se a olhar para o espelho, outra vez!
<iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/T-WuaPdaP3c" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-64950960159560500082012-05-29T12:24:00.002+01:002012-05-29T12:24:47.419+01:00Ser hipocritamente feminina<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJ-4ykudQq-gJ2tS7O5FLebZthAZ0zFFp0lrX_ZE6r7viC5EboWOF3M8oftZL5LksBNm98QD4-GKxPA1-6n5MMxO1uNmSsKYbUibDUd3pniYvosBTC6LKvu650ZgkbboxyQQB3q1WI-LA/s1600/989iu8.JPG" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="266" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJ-4ykudQq-gJ2tS7O5FLebZthAZ0zFFp0lrX_ZE6r7viC5EboWOF3M8oftZL5LksBNm98QD4-GKxPA1-6n5MMxO1uNmSsKYbUibDUd3pniYvosBTC6LKvu650ZgkbboxyQQB3q1WI-LA/s400/989iu8.JPG" /></a></div>
E de repente queria ser camaleão. Mudar de pele como mudo de palavras e de verdades. E de repente queria ser pérfida e inocentemente malévola. De repente queria a desalma que insiste em ser alma e em ser eu. De repente queria os meus sentidos opacos e o meu olhar turvo. De repente, queria ser fria. Racional e fria. Gélida. De repente queria mudar todos os meus vestidos de uma transparecia lúcida e vestir-me de uma hipocrisia feminina, cinzenta. De repente queria olhar, este e aquele, olhar, e dizer com o olhar que o meu desejo não é desejo, porque simplesmente não és o meu homem. De repente, bastava que eu fosse, efetivamente a outra, de um plano sem geometria ou cubismo explícito, mas queria fingir que era realmente a outra que te diz que não quer, querendo…
De repente…eu queria ser a tua mentira ou semi-verdade, num fingimento hipócrita…de repente…ou talvez não!
<iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/0sryOCnuj7c" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-41861176293701423442012-05-27T23:22:00.001+01:002012-05-27T23:22:30.870+01:00Existindo...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-VNIorieX-LfDtpfzb_g0iLx1IZtR_Avlk_LyMIWcaPuCpVNRCJ2ngFDyCRiCDQADAIIdJDwEt2Y9zLRqrkaBhYHSxSSFUYHIzUmJTQuxTq109Q1RAmWrKLm6mbw49gHO3vf7w-cfL14/s1600/humanos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="249" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-VNIorieX-LfDtpfzb_g0iLx1IZtR_Avlk_LyMIWcaPuCpVNRCJ2ngFDyCRiCDQADAIIdJDwEt2Y9zLRqrkaBhYHSxSSFUYHIzUmJTQuxTq109Q1RAmWrKLm6mbw49gHO3vf7w-cfL14/s400/humanos.jpg" /></a></div>
- Como estás tu? - Perguntou-lhe a amiga, sempre à espera da voz do sorriso.
- Estou, estando. Respondeu. Estava. Numa inquietação quieta. Foi assim o domingo inteiro. Estava sem ser. Estava. Sem existir. Sem apetecer. Rosto descoberto e as mãos vazias. Estava!
- E ele? Tens notícias dele?
Sim. Ela tinha notícias dele. Estava também. Mas existia, além de estar, desde sexta-feira à noite. Existia bem. Teve dedos e mãos que o despiam. Teve um cabelo solto no seu peito e a madrugada dormida a dois. Existia. Estando na perfeição de um mundo escolhido. Estava sim. Bem. Estava e existia. Num sábado colorido. Com risos felizes e a cama desfeita. Existia, pousado e calmo no jardim entre morangos por colher e as cerejas duras, frescas, na árvore com raízes fundas, na terra que o prendia a existir. Estava existindo no domingo soalheiro no sopé da montanha já sem enigma ou peça de puzzle. Ele existia bem. Um corpo preso na água doce de um lago de um jardim familiar. Flores e sol. E cheiros. Longe da maresia imperfeita. Sim estava. O corpo.
- E como sabes a contagem dessa escadaria perfeita? Ele disse-te isso tudo? Perguntava de novo a amiga, já sem esperança do sorriso na voz.
- Não! Foi o silêncio dele que me veio segredar ao ouvido e contou-me o reencontro do corpo dele! Apenas se esqueceu de me segredar sobre a alma…creio que ele apenas existe…mas não é!
<iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/lw90cJa09N8" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-32555792531181892822012-05-27T21:37:00.003+01:002012-05-27T21:37:24.140+01:00Escrito...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizxBol3gFBagOXELnbBmxbH-t9uwz2w1ko7a3gF3M1iahyDSwq5qUZ4HKX9BeyBlfZKX8SzVZZPn9axUnGou8S0DxAqAQW_BO4fTPix13I_n53fTNbgGFlGoyZo6Mi3UskzLqYHiGGISw/s1600/28483.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="278" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizxBol3gFBagOXELnbBmxbH-t9uwz2w1ko7a3gF3M1iahyDSwq5qUZ4HKX9BeyBlfZKX8SzVZZPn9axUnGou8S0DxAqAQW_BO4fTPix13I_n53fTNbgGFlGoyZo6Mi3UskzLqYHiGGISw/s400/28483.jpg" /></a></div>
Porque se escreve o amor? Não é para o espalhar aos quatro ventos, não é para bradar aos céus que és meu e eu sou tua. Para que escrevo eu?
Desligou o portátil e ligou-se ao silêncio da casa. Habitual aquele silêncio. O respirar calmo e cansado do filho. A inocência ali à sua frente, enroscada nos cabelos soltos numa almofada, a dizer-lhe que o amor não se pode soltar assim. A luz amena do quarto. O gato que dorme finalmente descansado na ponta da cama. Preto no branco o bichano, como deveria ser preto no branco este silêncio das emoções. A realidade é sempre fácil de relativizar! E o amor pode ser feito num diálogo apenas de dois. As paredes têm ouvidos. Rompe-se o silêncio do hábito, nos gemidos de um casal do andar mesmo ao lado do seu.
Ela nunca ama à noite! As noites são para os sonhos, as noites são para os que podem gritar nomes, escrevê-los a giz nos muros dos vizinhos, em grafites de cores em corações reais, espalhados em lagos e pracetas, nos bancos dos jardins e lacrados nas bermas dos passeios ainda sem dono, que circundam a casa de aroma a giestas e maias.
Por isso ela nunca ama à noite! Amanhã, prefere nem sequer olhar os olhos da vizinha assim que descer a escada! Não por pudor! Os gemidos de quem se ama deviam ser ouvidos por toda a gente! Deviam ser o grito mais fiel de dois corpos livres, completamente livres!
É que os olhos dela têm sentido do proibido e se um dia amar será numa manhã, sem o grito do silêncio, da lua, da chuva de estrelas e do horizonte sem risco.
Amará ao som de uma música. Alguém a amará no secreto caminho do seu corpo, percorrido devagar, em novelos de lã, segredados ao ouvido.
Os muros cá fora serão pintados de branco. Os lagos serão cheios de nenúfares rosa e lilás, num matizado branco, sem espaço para o reflexo do rosto dos dois. Os passeios serão da cidade grande e cinzenta. E ela quando subir novamente as escadas do prédio, trará apenas escrito, a tinta transparente no seu vestido curto, que também gemeu, se contorceu, se deu.
Imperceptível à vizinha, que nunca saberá que também se ama de manhã e se dizem palavras no silêncio, e que não é preciso ninguém escutar nos céus nem sentir o odor no vento!
<iframe width="560" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/Sf8fubUlyws" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-77875522790941018402012-05-26T23:43:00.001+01:002012-05-26T23:48:16.628+01:00Nada ficou no lugar...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhB4MhNxokYe22FW10IErG6au5XszSxAiwbqkuUrK3N3ina4AbcK88qpBNwSukqjTLJVojAbv2SBk-oQh6wWaZbj0KMscXFpa8KgomMvBPaCXCUKEO7wytUWulSoRRfNRtm4NuH8I2JEtg/s1600/gostosa052.gif" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="400" width="307" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhB4MhNxokYe22FW10IErG6au5XszSxAiwbqkuUrK3N3ina4AbcK88qpBNwSukqjTLJVojAbv2SBk-oQh6wWaZbj0KMscXFpa8KgomMvBPaCXCUKEO7wytUWulSoRRfNRtm4NuH8I2JEtg/s400/gostosa052.gif" /></a></div>
A morte?! É apenas um estado de alma permanente calmo. Sem chilrear de pássaros gulosos nas cerejeiras salpicadas de vermelho. A morte é esse intervalo permanente dos morangos rasteiros, também vermelhos, como ela, esse estado de alma, confortável e flutuante.
Não há que ter medo de ser levada pelos seus dedos. É plácida sem cheiro a mar e a flores silvestres, mas de um silêncio de bálsamo que torna as lágrimas doces que fogem das palavras, aquelas coisas, que esmigalham o peito, em fragmentos que estão assim, presos entre si pelo nada. A morte é surda. E todas as palavras em rosário maléfico e cínico, não caem dentro da alma, como vidros estilhaçados, que rasgam o peito por dentro sem cura.
A morte quer o meu vestido branco e esvoaçante, o meu corpo perfumado pelo último perfume, e leva-me para lá do mar e da montanha. Segura-me forte, com as mãos, para que eu não esmoreça de voltar, novamente, para a casa fechada e para a dor de não saber existir, por aqui e por acolá, numa espiral sem sentido, aos encontrões que raspam a minha pele e deixam cicatrizes ensanguentadas de outros rostos e de outros sentires. A morte é isso. Aquele caminho de flores brancas que irei calcar sem medo e sem arrependimento daquela que um dia ousou viver. E eu serei a est(r)ela além do sol que olha os seus amores num outro jardim, ou numa cidade viva, com asas inteiras a voar, na plenitude feliz, até um dia se encontrarem todos, de mãos dadas além do sol, para lá da cidade grande.
<iframe width="560" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/pptFbuCDhpw" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-92163867878264511262012-05-23T14:13:00.002+01:002012-05-23T14:17:39.072+01:00Subtileza...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_mAD1c9yg8v5xAn33T30X1Tb27IQ3W-wWvX62RJa_aIKDR23zjJoR5W48stf6B2M9mNL7GNdz60KfFRER_Y3hrvSfH9fN8KSPV1m5RHZJLe8hXqbEXKCFvdmzLZkAW2KnIxa9oP0Wjyo/s1600/361.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="300" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_mAD1c9yg8v5xAn33T30X1Tb27IQ3W-wWvX62RJa_aIKDR23zjJoR5W48stf6B2M9mNL7GNdz60KfFRER_Y3hrvSfH9fN8KSPV1m5RHZJLe8hXqbEXKCFvdmzLZkAW2KnIxa9oP0Wjyo/s400/361.jpg" /></a></div>
A subtileza da intuição. Intercetar duas linhas paralelas, numa mesma estrada, sentidos contrários e local obrigatório. Depois a areia. Salpicada e pintada. A contemplação do mar. Aquele mar, deste lado da ponte, onde tu paras e olhas o sonho grande, da tua cor. Sentada em quietude, deixo escorrer entre os dedos os búzios e conchas daquele nicho salgado e ainda só.
De súbito deixo de te ouvir. De pensar. De imaginar. De doer. De súbito só a orla branca, espuma suave que se desfaz em sussurros de sete ondas despenteadas e soltas. De súbito o teu silêncio atrás de mim, o teu caminhar lento, arrastado na mesma areia. E num repente o meu rosto, coberto por fios avelãs do meu cabelo, quase em cena de um filme de vento e maresia, a olhar-te, na subtileza dessa intuição. E a tua voz que interrompe num susto salgado, a música do meu mar, aquele tal, que fica bem antes da ponte!
<iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/5YXVMCHG-Nk" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-85760381825697042312012-05-21T21:53:00.002+01:002012-05-21T21:53:31.027+01:00Verdade ou teoria?!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJVSLmpueiykbF0s7m6LJp6TIJdNfmtZ57cOk0FC48bfgyS24CgjDDjvE-YDUJfJqbby_pOT2_zcodoJptmibkoFCT4JoOYN5ZKrfldb2JC4wLLvFa9w7tYQQYegrL25w1vMIDIndZLy0/s1600/give-me-to-something-to-believe1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="400" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJVSLmpueiykbF0s7m6LJp6TIJdNfmtZ57cOk0FC48bfgyS24CgjDDjvE-YDUJfJqbby_pOT2_zcodoJptmibkoFCT4JoOYN5ZKrfldb2JC4wLLvFa9w7tYQQYegrL25w1vMIDIndZLy0/s400/give-me-to-something-to-believe1.jpg" /></a></div>
Teorias! São hipóteses conjecturais, aprendi eu, algures. Tudo tem o seu contexto, ornamentado aqui e acolá, que aproximam a teoria A, como possível explicação ao conjunto de acontecimentos B. Mas toda a explicação é uma mera aproximação à verdade. A tal teoria! Não a verdade em si. Impossível. Dizem! A realidade que eu vejo, não é a realidade que existe. É apenas uma realidade para mim. E assim, cada um, poderá ter um ínfimo conjunto de elos que formam a sua realidade. É como se os nossos sentidos fossem aos poucos, racionalizando o nosso tempo e o nosso espaço. E por seu lado, a nossa emoção fosse uma espécie de bússola que se torna a orientação prática ao sentido que queremos dar às coisas. Assim, o mundo, ou a realidade, ou que quer que esteja nela, é apenas uma imaginação pintada por nós. Então somos constantes criadores de obras de arte. Não importa a técnica ou o instrumento. A nossa imaginação confunde-se com os sentidos e estes com a razão. A minha explicação, ou a minha hipótese conjectural, é única e exclusivamente uma leitura!
Eu escolho, por exemplo, as palavras. Para ler e para pintar o mundo.
As interrogações, os medos e os risos, não são, interrogações nem medos nem risos reais! Estão dentro de uma hipótese. Dentro de uma possível interpretação do eu e do meu mundo.
Quem me lê, sabe isso perfeitamente. E também, essa pessoa é um outro Eu, com uma outra conjectura. Logo, esta polissemia é sempre demasiado redutora do que é a verdade. Porque eu nunca escrevo o que vivo, mas apenas coloco a hipótese conjectural de viver daquela forma. E o outro que me lê, faz a sua pintura, exactamente de acordo com uma hipótese sua.
Nunca escrevo o que sinto. Nunca escrevo o que vivo. Sou apenas uma hipótese conjectural! Os meus textos são apenas hipóteses conjecturais, com total ausência de sentido emocional e físico.
Creio que a isto se chama pragmatismo vivencial. Um saber viver sem compromissos que me relaciona com algo definitivamente aborrecido que se chama verdade.
<iframe width="560" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/uelHwf8o7_U" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-14211455250995050112012-05-15T00:30:00.000+01:002012-05-15T00:41:09.638+01:00e...racionalmente<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMLL3sXwzqJXXHIoHzXPJXiumAjW8lVBFjaVE1_ZjF4JqwUNl-Rh9ONjGHxE_a3aoA6FSf7Yd_l_GZ6W-DEexYrObNODOjuraDoM03V4Gj7VrhWHVUVA0MbfG00obl7W_u4b5djeWoFBE/s1600/Mulher-pensativa-deitada-%25C3%25A0-janela.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="289" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMLL3sXwzqJXXHIoHzXPJXiumAjW8lVBFjaVE1_ZjF4JqwUNl-Rh9ONjGHxE_a3aoA6FSf7Yd_l_GZ6W-DEexYrObNODOjuraDoM03V4Gj7VrhWHVUVA0MbfG00obl7W_u4b5djeWoFBE/s400/Mulher-pensativa-deitada-%25C3%25A0-janela.jpg" width="400" /></a></div>
Descobri uma impossibilidade irracional que nos impede de fechar a porta. Sentidos debruados a pormenores peculiarmente nossos. O mar. A estrada. A montanha e as flores do campo. As palavras e a melodia. E uma qualquer coisa indefinível e sem adjectivação possível que nos empurra na mesma direcção. Não há nada a fazer. Os dias passam. Os nãos, precedidos de nunca mais, esvaziam-se em impulsos lentos que tornam a nossa realidade um diálogo permanente de escuta da nossa cumplicidade. Eu sigo o meu tempo. Tu olhas os ponteiros do relógio num sonho esfumado entre os dedos. Eu leio um livro desencontrado do teu quotidiano. Tu segues os teus passos no teu jardim onde não permaneço. Eu sigo o vento Norte, despenteio a ondulação rebelde do meu cabelo e tu olhas as mulheres na tua sedução verde, imiscuída na tua pele. Mas num ponto cardial desordenado e desorientado do resto do mundo, permanece um Nós, sem equívocos e sem nós, que nos empurra no mesmo laço, ancorado em sítios com alma. No mesmo voo, de dois pássaros, eternamente à procura do mesmo ninho, sem formatação ideal ou projectos de sentido obrigatório.
É irracionalmente impossível o deslace desse Nós!
É racionalmente impossível o meu vazio, quando partes nela…
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/4vv9fAWRPyw" width="420"></iframe>Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-51018301497480088772012-05-14T23:43:00.000+01:002012-05-14T23:47:29.159+01:00Aquela que foi ao mar...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcX4VeYf5E-1mLD6eMWN1qJNvCGo0wYuaevNP3PQS6Gj3p-ZtUKzcz20IAES_UAYXnWSYB03dT5t0cNaAff7zr14Q3BiDUQ3G8_pXjxU11MGAACgTkdAELmq7qrnKEmWS_UWCIBMpYt_g/s1600/mulher+andando+pro+mar.jpg" imageanchor="1" style="clear:right; float:right; margin-left:1em; margin-bottom:1em"><img border="0" height="400" width="373" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcX4VeYf5E-1mLD6eMWN1qJNvCGo0wYuaevNP3PQS6Gj3p-ZtUKzcz20IAES_UAYXnWSYB03dT5t0cNaAff7zr14Q3BiDUQ3G8_pXjxU11MGAACgTkdAELmq7qrnKEmWS_UWCIBMpYt_g/s400/mulher+andando+pro+mar.jpg" /></a></div>
Ela perguntou. Ele disse-lhe que não gosta que lhe façam perguntas. Mas ela insistiu. Por aqui e por acolá. Mas ele é homem. Só entende o óbvio. As questões práticas. Diretas e sem polissemia. Então ela arriscou. – Porque ficaste com ela? Porquê ela e não eu? Afinal não sou eu quem te leva a ver o mar? Não sou eu que guardo teu riso e aconchego o teu choro? Não é ela quem está nos teus segredos, nas tuas contas aborrecidas e nos teus amigos mais amigos, sou eu quem lá está, tu sabes isso. Conheces o caminho de cor. Porquê não eu nos teus domingos, na tua água, na tua vida, no teu sol, no teu mapa, na tua geografia?
- Porque ela chegou primeiro! Responde ele.
Ah! Então é isso! Entendo! O teu amor é assim um jogo extraordinário de lugares. Eu esqueci que fui ver o mar! Esqueci de tirar a minha vez e quem vai ao mar perde o lugar! É justo e compreensível. Quando eu brincar outra vez ao faz de conta de amar, prometo deixar visível, num papel pintado a vermelho o meu nome: aquela que foi ao mar e perdeu o lugar!
<iframe width="560" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/l61cLp_dZHY" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-8904584716489408262012-02-11T13:01:00.001+00:002012-02-11T13:03:00.236+00:00Faz tempo que a culpa se foi...<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCYiJJd3nXLeLUc_mnbaqhCVcy9-ivgQFhVE4Ssf5Re58xCW6_ZSu4Q6o6j7ydx5mlWieJMRwyYknLf-vtIK4I1wodEhCr4QiNgiXlthlMVCLElK1nVC5QDGU-r-TgI80fYTnWl9Vnkaw/s1600/Enrique_Iglesias_930512a.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 270px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCYiJJd3nXLeLUc_mnbaqhCVcy9-ivgQFhVE4Ssf5Re58xCW6_ZSu4Q6o6j7ydx5mlWieJMRwyYknLf-vtIK4I1wodEhCr4QiNgiXlthlMVCLElK1nVC5QDGU-r-TgI80fYTnWl9Vnkaw/s400/Enrique_Iglesias_930512a.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5707862502312276210" /></a><br /><br />Este Janeiro complexo de frio e ela em vertigem do outro lado do muro. Pediu tempo e pediram-lhe tempo. E embala-se na memória de outro tempo. A luz reflectida nos lençóis fechados e brancos, a música quente empurrando-o para dentro dela, aberta em brilho, balançando ao ritmo fálico, monólogos de grito mudo, no beijo calado na língua dura enrolada na sua saliva. A cor morena moldada nos seios pequenos, e o fecho das suas pernas em laço, no dorso dele, sem culpa! Entrega sua, a dádiva sôfrega de deguste do momento. E a história tantas vezes interrompida, nos solavancos do real! E o quarto fechado ao mundo, petrifica os amantes, na sombra que fica segredada na cama, na água, no chão, nas roupas que não se vestem…No tempo! Pedido aos dois…!<br /><br /><iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/fnGnWPfdU3I" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-40483646359464114572011-12-28T01:45:00.001+00:002011-12-28T01:48:59.714+00:00(des)espero...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6UOeNnWQcMExDZSMnWZCgKz085XoRI4O5-P-KNsjmiEam-d2vSbehW6eB_-ohWKbz4h9ph508IbM77X9A4ZjzcFto93MCdK0Xce1Arkll21F6xcfCtescs5XBYkZ43KRm5I7Qsx1lhEE/s1600/tumblr_ldjry2x3qs1qcrcoyo1_500_large.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 307px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6UOeNnWQcMExDZSMnWZCgKz085XoRI4O5-P-KNsjmiEam-d2vSbehW6eB_-ohWKbz4h9ph508IbM77X9A4ZjzcFto93MCdK0Xce1Arkll21F6xcfCtescs5XBYkZ43KRm5I7Qsx1lhEE/s400/tumblr_ldjry2x3qs1qcrcoyo1_500_large.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5690989635400993218" /></a><br /><br />Ela esperou. Esperou as palavras os gestos o tempo e as palavras outra vez. Esperou o rosto o corpo o homem o amigo o amante vezes a multiplicar por vezes. Contou dias os meses as estações do ano! Vestiu-se de alegria cor verde na Primavera e despiu a roupa leve no Verão triste e quente, na areia de cheiro a conchas vazias dele. Calcou as folhas do Outono no banco do jardim, ouviu estalidos castanhos e vermelhos dessas folhas caídas que voavam de frente para o mar lá longe. Preparou o corpo, aquecendo a alma vestida de uma calma branca no Inverno gélido e esperou. Mudou o cabelo em cor de fogo acobreado quase avelã. Ouviu os elogios dos homens que a chamam pelo nome na delonga de um infinito qualquer. Sorriu mas não foi! Aconchegou mais a alma nesse desespero de espera vã. <br />E o tempo parou cansado. Fatigado da espera dela! Ela puxou-o pela manga. Olhou o tempo num grito mudo. Rogou, pediu, implorou mas o tempo estava moribundo já. Sacudiu-lhe a mão num gesto terno e numa voz imperceptível numa respiração breve sufocada disse-lhe para ela partir. E o tempo parou prostrado no alto da montanha e viu-a descer esfumando-se no fim de tarde no fim das estações dos dias das horas, até a silhueta ser apenas uma imagem guardada na memória escrita a tinta permanente, indissolúvel nos fragmentos salpicados no espaço já sem ele! Já sem tempo! <br /><br /><iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/kRRFyXkO9WI" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-88304439085242011882011-12-26T23:41:00.002+00:002011-12-26T23:48:36.392+00:00Cativo...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrVtOyRbBObomkOZkoZrtz_Dj7Ix0yipfuG2u-5Qoe8ZqkhExdS3GdCHY47Lrl2QkS5xRZSk0zf-0JLUYWa1lvDBC5RItUeAnIoyRdJtC57JufibnJX7X4IwiCYO7LEQxHit4YKu7ln4U/s1600/601868eadjafx17w.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 341px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrVtOyRbBObomkOZkoZrtz_Dj7Ix0yipfuG2u-5Qoe8ZqkhExdS3GdCHY47Lrl2QkS5xRZSk0zf-0JLUYWa1lvDBC5RItUeAnIoyRdJtC57JufibnJX7X4IwiCYO7LEQxHit4YKu7ln4U/s400/601868eadjafx17w.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5690586837906834210" /></a><br /><br /><br />Olhou para o telemóvel pela última vez antes de ler o sorriso. Voltou ao seu lugar cativo na sua sala de gente familiar. Crepitava o fogo quente das chamas frias da sua lareira. Espalhavam-se os papéis desembrulhados dos presentes já sem laços, que persistiam na confusão dos risos dos miúdos irrequietos. E nas janelas reflectiam os gestos das conversas em que ele entrava com as palavras certas e os sinais de um casamento perfeito e conservado, ao mesmo sabor de todos os anos, nas douradas de mel caseiro, confeccionadas pelas mãos que já não adoçavam o seu corpo nem amaciavam a sua pele. Ela sentou-se ao seu lado enrolando a madeixa loira, enrolando o seu lugar de dona de um amor já sem dono. Um casal tão meticulosamente perfeito! Uma mesa recheada de receitas doces, mas que não curam as arritmias da ausência do desejo! Ela sabia isso. Ele respirava isso! Mas a madeixa esquecida no seu dedo melancólico, prendia-o a um quase obrigatório de ele se sentar esquecido de si, mas ao seu lado. E depois, pensava ela, aquela gente, bem ali à sua frente, não via, não sentia, não sonhava, que entre o cheiro a Natal daquela sala límpida e de luz, se deitava consigo um corpo morto de sentidos, quando todos fossem embora para suas casas, contagiados por um amor idealizado e irreal, que se provava nas sobremesas servidas no serviço de porcelana. E ela olhava-o embebida pelas suas palavras. Soletrava nos seus lábios finos as mesmas sílabas sem assento tónico do seu homem cativo. Degustava cada gesto das suas mãos morenas, prendia o olhar vigilante no movimento inconsequente do corpo grande dele e sentia-se senhora! Possuía! Tinha! O único pronome possível no seu léxico pobre de amar! O determinante possessivo «meu»! E a incapacidade de não sentir o desenlaço da alma dele, mais logo, na cama que já foi dos dois, e a incapacidade de entender a solidão dele, enroscado no abraço dela. Depois, ele levantou-se da conversa informal, retirou-se, sereno, da confusão que o cercava na noite alta e gélida que se prolongava nas horas. Desprendeu por momentos a corda que lhe apertava os pulsos e que era da mesma cor do laço vermelho do presente oferecido a pedido oficial. Esperou-a distraída. Olhou num lance rápido o telemóvel escondido no bolso dos jeans. Olhou. Mas não voltou a ver o sorriso! Engoliu o trago amargo. Pensou nela. Na outra, na do cabelo cor de avelã e de olhos quase verdes. Estaria onde e como e com quem. Alheou-se por instantes dos seu afazeres oficiais e domésticos. E quase a sentiu, preso ao seu odor, daquele perfume que o liberta da madeixa loira e melancólica, dos gestos formatados e das palavras politicamente correctas. E acordou, segundos bem próximos, com a voz da filha que o balançava, para as instruções do brinquedo novo. E obrigou-se para o sorriso dos lábios finos que o percorriam do outro lado da sala perfeita! Escondeu de novo o telemóvel, escondeu de novo a negação da paixão que ainda sentia! E deixou-se preso na imensidão do conforto doméstico da dourada com sabor a mel! <br /><br /><iframe width="560" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/awgwxFMX8us" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-26346457033089143792011-12-17T01:18:00.001+00:002011-12-17T01:21:33.323+00:00Uma talisca de nome timbrado...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOdgvMZSPZwx-lo3AbQILmADftEuUWSpmfQq1Iw2Oagj3Ao4sDBof17FzVAKiw4F59nBJzi5J2UHDdVFbnnNEjvddxMpyaquVxlxIgEtmf39RD291Xs_vPXCC3jXvINsG35W0StnPR66w/s1600/te+amo3.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 304px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOdgvMZSPZwx-lo3AbQILmADftEuUWSpmfQq1Iw2Oagj3Ao4sDBof17FzVAKiw4F59nBJzi5J2UHDdVFbnnNEjvddxMpyaquVxlxIgEtmf39RD291Xs_vPXCC3jXvINsG35W0StnPR66w/s400/te+amo3.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5686900789656720546" /></a><br /><br /><br /><br />Pediu-lhe o colo e o abraço. E a porta aberta para a alma misturada no corpo. Ela sorriu e disse sim. Esperou na soleira da porta. Viu amantes passarem de sorriso e sem medo de dedos em laço. Inalou o cheiro a mar perto da montanha e seguiu o sol com brilho sereno nos olhos. Parou o sonho em câmara lenta e vivia a intensidade do dia sem o outro sonho. Fechou a janela e impediu a nortada de entrar. Receou a brisa do mar das conchas e dos godos e mordeu o lábio numa tristeza doce. Ouviu o silêncio. Repetiu o som da melodia daquele silêncio. Primeiro horas depois dias. E sempre o silêncio. Levantou-se então de corpo dorido e pele adormecida da espera. Sentia um sono estranho, um chamamento qualquer, quase místico. Encostou a porta com cuidado e foi procurar uma folha de papel liso e branco. Escreveu um nome em letras maiúsculas. A brisa que esvoaçava nas janelas era agora mais forte. Quase a nortada trazida do mar que a seduz. Não havia luar e o azul da noite transformara-se num preto semblante carregado de frio. Deixou escorregar a folha de papel já não liso por entre a porta encostada. Sem brecha perceptível a olhares alheios, deixando apenas aquela talisca, pequena e doce, e o nome que impedia a porta de fechar com a força do vento norte!<br /><br /><iframe width="560" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/vZ1lnu254k4" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-57441941547903224172011-12-06T16:48:00.001+00:002011-12-06T16:56:24.598+00:00Cor e frio...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpu2huGY-1R4OUrKiCE__hhZey3In9Yau_6xELiqpfQ07jysrmu3vlQcTonzvzQCS9jQwjMFHdm5T_JyuoQMDYGNgeZ_NHGYKFahAOqGeXa6Ht1L7HMaXk2gubCxTbnohBnlpaeGBRRMo/s1600/beijo219.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 268px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpu2huGY-1R4OUrKiCE__hhZey3In9Yau_6xELiqpfQ07jysrmu3vlQcTonzvzQCS9jQwjMFHdm5T_JyuoQMDYGNgeZ_NHGYKFahAOqGeXa6Ht1L7HMaXk2gubCxTbnohBnlpaeGBRRMo/s400/beijo219.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5683059277067318386" /></a><br /><br />Limpou as lágrimas. Olhou-se ao espelho e caprichou a maquilhagem. Forçou o riso. Fingiu o sorriso. Depois escolheu com cuidado a saia justa. Vestiu o decote em v. O colar revelava o peito pequeno e provocador. Sentiu um aperto no peito e quase misturava as lágrimas com o risco preto que realçava os olhos quase verdes. Olhou o relógio. A hora estava ali a dizer-lhe para descer as escadas e fechar a porta. Faltava apenas o toque efémero do perfume que ia ficando mesclado na sua pele. Vestiu o casaco quente. Aqueceu alma por momentos. Fechou a porta finalmente e saiu para a rua da noite fria de Dezembro. Fechou a porta das memórias. Prendeu o sorriso nos lábios e decalcou o pensamento com a frase do livro: «A ausência dá de troco a despedida»! A cada degrau que descia passavam os sonhos, os lugares, o mar, a estrela, a caixinha de segredos desvendados por Pandora. <br />Mecanicamente fechou a porta do carro e não deixou aquela música do rádio tocar. Não essa noite, não com ela de sorriso preso. O Natal estava ai à porta, e o brilho da magia das luzes e do riso feliz das gentes seria algo quase insuportável nesse ano. Mas não queria pensar nisso. Não já. <br /> O jantar esperava-a. Alguém a esperava. Sem planos!<br />Desprendeu o sorriso nos lábios mas ele colou. No olhar. No beijo macio na face rosada e fria dela. Inconsequente e definível apenas pelo prazer de estar. Naquele momento perdeu, nem que por instantes a chave da porta da memória. E brilhou embalada na melodia de letra bem definida da época de cor e frio bom.<br /><br /><iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/MZVY-pGDsN4" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-77662698727203111832011-12-03T00:21:00.002+00:002011-12-03T00:24:30.141+00:00Filha do vento...Norte!<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCmzQAE76y-daHPHELJG7FporbEjQUgaJOYwQmeg8_MrLsuBqWSVoeZuNBR1WshMrhILSE8cpO9M7HLKkK1A1LemSWUEXuUUvV7-B7hcuza53XLAQdRANpB_1vvJsc-vrMFCDJNEFjR38/s1600/cabelo_thumb.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCmzQAE76y-daHPHELJG7FporbEjQUgaJOYwQmeg8_MrLsuBqWSVoeZuNBR1WshMrhILSE8cpO9M7HLKkK1A1LemSWUEXuUUvV7-B7hcuza53XLAQdRANpB_1vvJsc-vrMFCDJNEFjR38/s400/cabelo_thumb.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5681690747492416498" /></a><br /><br />Apertou o casaco branco macio e quente. Deixou embalar os fios do cabelo, solto no vento Norte que lhe afagava as mãos frias. Olhou de frente a imensidão desse mar imponente e ninho de espuma de areia. Depois sentou-se no paredão de pedra gélida com a cidade que ficou para traz. Agasalhou o corpo frágil desse vento que lhe corta o amor em pequenos godos brancos de cores únicas. Espalhou na água gélida as memórias de um amor perdido. Depois numa lentidão de absoluta indiferença olhou o homem caminhante no passeio despido de outra gente. E num quase de tempo só, cruzaram olhares de um sorriso mudo. Seguiu no mesmo ritmo do cabelo dela, nessa linha que traça a fronteira da mesma praia. E ela, segui-o parada, sentada no paredão gélido. Numa interrogação daquele homem, quem sabe, de amor decifrado e esquecido pelo mesmo vento Norte, de mãos vazias, dentro dos bolsos do casaco cheios de nada. <br /><br /><iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/4zVdyYwSGPY" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-30803914355013513642011-11-29T22:09:00.003+00:002011-11-29T22:18:19.027+00:00Tarde adiada<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhn4OzPg9JlRJASXVF9wVvI4JWT6LDJzXdqiOSEFOEar8_FzFIJntgur3cKMdCHMLRu10QnyB9pPS2MWdNcl2T-NDvk7GSGVXD5zrfk4Jd3-7PJzOX39cD0CGJ4jorGYv_oaD3EfNPHXtU/s1600/sozinha.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 312px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhn4OzPg9JlRJASXVF9wVvI4JWT6LDJzXdqiOSEFOEar8_FzFIJntgur3cKMdCHMLRu10QnyB9pPS2MWdNcl2T-NDvk7GSGVXD5zrfk4Jd3-7PJzOX39cD0CGJ4jorGYv_oaD3EfNPHXtU/s400/sozinha.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5680544429126561058" /></a><br /><br /><br />Ela esperou a tarde durante fragmentos de palavras repetidas em momentos passados. Umas após outra, as horas silenciavam-se, numa mudez que travava o nó salgado de lágrimas na garganta. O trabalho fluía na pacatez de um dia cinzento. Banalizava-se a mesmice dos lavores quotidianos. Disseram-lhe que aquela cor lhe assentava perfeita na feminilidade da sua usual forma de ser. Pendia o colar de um azul forte. Aceitou mecanicamente o convite para um café simpático. A conversa dizia-se entre sorrisos e risos e olhares escondidos para a mensagem que nunca chegou. O mar estava ali. O colega reparou a pacatez das ondas que combinavam com a nortada calma, invulgar de Novembro. E como é engraçado, nas palavras desse diálogo esconder o monólogo, único, dela, de um único porquê sem resposta. Nem sempre se fala o pensamento. Quase numa distração imposta, enrolava milimetricamente o pacote de açúcar já vazio. Depois desenrolou as palavras gastas. Gastas no silêncio. Este também se diz. Cola-se ao pensamento. Cola-se à ansiedade das perguntas sem resposta. Deixou-se apenas escutar o já dito e aproveitou a fria chuva, que se confundia com o mar, para tirar a chave do carro e partir para as obrigatoriedades do dia-a-dia. Os gestos são mecânicos, sem sentido aparente. Tentou mais uma vez. Perdeu a conta do telefone mudo. Novamente o nó na garganta, salgado, persistente. Conduzia numa velocidade demasiado preguiçosa. Cansada. Absorta num único nome. Magicava mil e umas hipóteses, bailavam, dançavam num carrossel de verdades imaginárias. Somava gestos. Adicionava as últimas palavras dele. A mistura dos abraços incompatível com o silêncio absurdo e a surdez repentina dele. Foi nesta apatia sem nome que chegou a casa vazia e ainda mais fria do que a mudez dessa tarde. Despiu a cor feminina e aconchegou-se no camisolão branco e quente. Sentou-se para ler o último capítulo do tal livro de histórias que somavam a sua história. «Uma Noite em Nova Iorque». Sorriu triste, mas desta vez, engoliu o sal das lágrimas que não ousou chorar. Mesmo sabendo que é só no livro de histórias que vê a sua a terminar, nas luzes de um Natal branco, na Cidade grande que fica além do oceano. <br /><br /><iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/dsYuRHIo6vw" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-20688349439852946782011-11-19T20:42:00.002+00:002011-11-19T20:48:49.717+00:00Lógicas...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBuc5p8Xmuh0_2ZP8YL9rENOQ7eNVJjwrdI6NN2Bg6gJEgzOFon-eRCh580dg0iwy0_11lSgOH5_UXpnT2DjMxiGY0pARtc-nTXAIAPKqZUocGyWYDPIC-6TnyDHKSRuxcQSVc4zsOow4/s1600/bedsheetshandleaftouchwhitedressautomn-6abdff27b76d5b3639f039b30bd43374_h.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBuc5p8Xmuh0_2ZP8YL9rENOQ7eNVJjwrdI6NN2Bg6gJEgzOFon-eRCh580dg0iwy0_11lSgOH5_UXpnT2DjMxiGY0pARtc-nTXAIAPKqZUocGyWYDPIC-6TnyDHKSRuxcQSVc4zsOow4/s400/bedsheetshandleaftouchwhitedressautomn-6abdff27b76d5b3639f039b30bd43374_h.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5676810481452788882" /></a><br /><br />Ambiguidades. Duche quente, entre aromas meramente quiméricos, lágrimas mudas, cheiinhas de todas as palavras que nunca se dirão. Nunca! O turco, imaculado, branco, à espera de vestir a pele nua e húmida. A emoção a ditar sentimentos. Desejos. Utopia.<br />A razão, fora da porta do vapor, da nuvem artificial. O sorriso, nos lábios dos olhos tristes, que não se contemplam. Melhor assim. Opções. Lógicas. O caminho formatado. Acomodado. Fácil. Ou quase fácil. Peças de roupa domesticadas. Comuns. A toalha de linho na mesa. As velas de cores e o cheiro de incenso. O frio da escolha óbvia.<br />O outro lado do desvio. Novamente a emoção. Ou não. Não uma emoção pura mas racionalizada pela aprendizagem de um comportamento operante. O vício de misturar os sentidos. O abrigo feito de abraços. O livro escrito para dois amantes. Ambos com a razão do capitulo que um dia se escreverá. A estante está cheia de livros assim! Pelo menos a estante dos livros dela! Difícil a razão da emoção. Nada de filosofias que ninguém entende. Simples, aquela que se faz e não a que se pensa. Ambiguidades tão bem interpretadas e tão bem entendidas. Por dois. Ou apenas por um.<br />Por ambos, os que vestem o turco puro de branco imaculado, num quotidiano de velas de cores diferentes. Os sorrisos lá também são diferentes. Este, perto da estante dos livros, está disfarçado com o fuminho suave e fino do incenso retirado da caixinha que diz: « harmonia e paz!» E o de lá? De que caixinha sairá?!<br /><br /><iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/QeZkLV3ZjeI" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-69131559727625423242011-11-15T23:21:00.002+00:002011-11-15T23:49:56.757+00:00Intervalos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9gaq5-sUuVFvFTO5qVD5R7NLnElQ4RpkLgS9cSLJ6zza70F-ffFE2DoXOJkHxBbjMCI-TykAG0F1PSXXAh0CkHiNV0TSzt-QcXSYYgyPshcy4wSDHLK01NhBM5iTVovX2Aw2REgZmeKU/s1600/seu+colo+amor+transa+sexo+abra%25C3%25A7o+sono+sonho+voce.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="238" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9gaq5-sUuVFvFTO5qVD5R7NLnElQ4RpkLgS9cSLJ6zza70F-ffFE2DoXOJkHxBbjMCI-TykAG0F1PSXXAh0CkHiNV0TSzt-QcXSYYgyPshcy4wSDHLK01NhBM5iTVovX2Aw2REgZmeKU/s320/seu+colo+amor+transa+sexo+abra%25C3%25A7o+sono+sonho+voce.jpg" width="320" /></a></div><br />Sabes que te escrevo. É a única forma que encontro para tatuar os nossos sentidos na alma, depois de me teres tatuado antes o meu corpo, de te teres esfregado nele, deixando o teu rasto cravado na pele. Depois regresso. Junto os caracteres que dão vida ao lacre. Regresso à minha vida quotidiana, igual à de todas as outras pessoas, e como sinto a tua seiva ainda a sair de mim, quente e com o teu cheiro, preciso de nos escrever, nos guardar. E porque este é o único futuro, no nosso único tempo presente possível!Por isso nos escrevo. Sentidos, corpos, sussurros, odores, prazer, mãos, língua, a mistura dos nossos sexos. Mas quando fico quieta, com o corpo mole de um cansaço bom, e sem ti, entre o nosso mar e a tua cândida montanha, apetece-me dizer-te, que faz tempo que transcendemos o corpo! E apetece-me dizer-te que por isso mesmo, adoro os intervalos da nossa lascívia, quando me enrosco nos teus braços de costas viradas para ti, com a minha pele protegida pelo teu colo, a tua respiração calma, enquanto afastas os meus caracóis que pincelam o teu rosto. Adoro ouvir as tuas histórias de miúdo, quando brincavas solto e feliz nessa mesma montanha onde os rios serpenteiam, e a paisagem corta a respiração. E como eu, bicho da cidade, te conto em voz pausada e serena, as minhas histórias de um tempo em que também eu soltava os meus cabelos compridos e loiros, entre as amoras silvestres, de passagem na aldeia, onde as casas cheiravam a feno e não havia fechaduras nas portas, e eu, filha única e mimada, me esquecia do tempo nas brincadeiras com os amigos de pé descalços entre quintais e vinhas, também livres e sem medo. E exactamente porque não sei o que é uma família grande, me delicio nos teus contos de infância, miúdo, de uma família como eu gostaria de ter tido.E como adoro puxar o lençol branco, para me guardar melhor no teu abraço, e tu preferes continuar ao meu lado, repousando apenas a tua nudez morena junto ao meu corpo. E como adormecemos numa lentidão tão tranquila que nos fecha do mundo lá fora. E como é bom poder acordar ao teu lado e do teu lado. E depois aquela tela! Mesmo de frente para a cama que eu olho e digo, um dia é ali que vamos estar os dois, naquela minha cidade de sonho, onde os edifícios rasgam as nuvens, as luzes faíscam à noite, onde tudo é rápido e sôfrego. Aquela cidade que fica do outro lado do nosso mar, onde tenho a certeza que poderei andar de mão dada contigo, beijar-te dependurada no teu pescoço em qualquer rua, praça ou avenida, onde seremos os dois simples desconhecidos para o mundo, mas onde teremos os dois o mundo fechado entre os nossos dedos que se entrelaçam e se mostram a toda a gente. Tu dizes que sim. Um dia! E sorris. E eu acredito em ti. Com a mesma certeza que tenho a tua alma lacrada na minha!<br /><br /><iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/lBqhnIyPKyY" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8370762207234968669.post-91861500129431716672011-11-14T23:25:00.001+00:002011-11-14T23:30:36.763+00:00Um quase...perfeito<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmxAIOcxfeevTpf7AzfrxAsUi5OC7Ru703LapYZrPzS9hjIoavEjHMgYBuEkIc-YkgE7ogXVzs4AZV1gT-rbakILqrQjtlL6Mo7OZlUDs873Bd1oR57eVgmnHDxSRa7_9SrrrXh9LEpHI/s1600/2830413.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 267px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmxAIOcxfeevTpf7AzfrxAsUi5OC7Ru703LapYZrPzS9hjIoavEjHMgYBuEkIc-YkgE7ogXVzs4AZV1gT-rbakILqrQjtlL6Mo7OZlUDs873Bd1oR57eVgmnHDxSRa7_9SrrrXh9LEpHI/s400/2830413.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5674996942872160850" /></a><br /><br />Poderia sim, continuar a amar-te no silêncio proibido. Poderia ser o outro lado da balança que te equilibra no sorriso, no sexo, no riso, no teu eu que só sabe ser comigo. Poderia ser isso tudo. Hoje, amanhã. Na próxima semana e no mês onde o calor torna os corpos sedentos de areia. Depois calcarias comigo as folhas primeiras do Outono. As minhas cores favoritas que tu sabes que me caem bem. Pegarias na minha mão e brincarias com os meus dedos. Puxavas-me de encontro ao teu peito, onde me aninharia quieta. Poderia ser tua sempre. Trocaríamos presentes em Dezembro. O meu caberia no teu bolso. Assim como cabe o meu coração no teu peito. E tu és o equilibrista perfeito enquanto abres a porta do teu mundo perfeito como tu. Um dia questiono-me. Pergunto-te se estou bem sentada ao teu lado nesse equilíbrio frágil da tua balança. Dizes que sim. Mas eu mexo-me mais um pouco. Caio. Saio do virtual da tua perfeição. Regresso ao meu real quotidiano, imperfeito. As minhas mãos estão ásperas. O meu vestido guardado. Volto a olhar para mim. A minha vida de horas certas e mesmas. Agarras-me? Não. Não podes. Mesmo em desequilíbrio de vidas tuas. Deixas o riso, pesas de novo o teu eu incompleto, sorris apenas. O teu outro lado da balança é raso. Resvala. Toca na relva perfeita do teu jardim perfeito. O sexo será apenas sexo. Sem dedos nem alma quieta no teu colo. Chamam-te para um lanche apetecível, de uma fatia de bolo numa tarde chuvosa de Páscoa. Sentas-te, normalmente no teu sofá confortável. Talvez seja essa a definição mais próxima de amar: amar é saber como agradar o outro com uma simples fatia de pão-de-ló! Olhas pelas vidraças e bocejas aborrecido porque a chuva te impede de molhar o teu corpo na água da piscina. Num repente sentes apenas o peso incomensurável do teu corpo. Levantas-te e sem pensar, olhas-te ao espelho do teu quarto vazio de duas pessoas. Vês-me no fundo dos teus olhos. Percebes que ali está a tua alma. Mas não é dela que te alimentas. Olhas em redor. Tudo imaculado. Tudo nos sítios certos. Abres mecanicamente uma gaveta. Cheira a lavanda a tua roupa. E as tuas camisas caprichosamente engomadas sentem falta das minhas mãos que as desconcertam. Tu também sentes. Mas preferes o prato da balança em desequilíbrio a resvalar pela relva do teu perfeito jardim. És forte. Suficientemente forte. Depois sempre tens a fatia fresquinha do bolo à tua espera. À noite sabes que a caixa mágica do teu portátil te trará sorrisos suficientes que te façam esquecer a tua alma. Depois voltarás para a tua cama de dois. Tu com toda a certeza esconderás o teu corpo grande, quieto, do lado direito da cama. Irás fechar os olhos de um cansaço falso. Ouves uma respiração que não a minha e por instantes desejas o meu corpo pequeno enroscado ao teu. Cerras com mais força os teus olhos. E guardas-me neles, para que no dia seguinte, no mesmo espelho, possas voltar a ver a tua alma. Até um dia. Em que já lá não viverei e o prato da balança frágil se quebra, e ficarás apenas com o amar numa eterna fatia de bolo de pão-de-ló, no cheiro da tua roupa a lavanda e na perfeição das tuas camisas engomadas!<br /><br /><iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/7V0Da6HYdA8" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Salomé Mellohttp://www.blogger.com/profile/15064891127253976442noreply@blogger.com1