quarta-feira, 23 de maio de 2012
Subtileza...
A subtileza da intuição. Intercetar duas linhas paralelas, numa mesma estrada, sentidos contrários e local obrigatório. Depois a areia. Salpicada e pintada. A contemplação do mar. Aquele mar, deste lado da ponte, onde tu paras e olhas o sonho grande, da tua cor. Sentada em quietude, deixo escorrer entre os dedos os búzios e conchas daquele nicho salgado e ainda só.
De súbito deixo de te ouvir. De pensar. De imaginar. De doer. De súbito só a orla branca, espuma suave que se desfaz em sussurros de sete ondas despenteadas e soltas. De súbito o teu silêncio atrás de mim, o teu caminhar lento, arrastado na mesma areia. E num repente o meu rosto, coberto por fios avelãs do meu cabelo, quase em cena de um filme de vento e maresia, a olhar-te, na subtileza dessa intuição. E a tua voz que interrompe num susto salgado, a música do meu mar, aquele tal, que fica bem antes da ponte!
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