sábado, 3 de setembro de 2011

Cheiro(TE)



Os meus sentidos podiam resumir-se ao cheiro. Penso com o cheiro. Toco as memórias com o odor. E aqui na minha cama de lençóis brancos, cheiro o fim do verão e cheiro o teu corpo longe e paralelo ao meu. Inalo a melancolia de uma saudade obrigatória. Não reclamo da tatuagem delineada com aroma da pele morena. Apetece-me o aroma do café desenhado na nossa chávena, reflectida com a espuma do mar de cheiro a sal. E o meu corpo reclama a minha manta alaranjada quente e suave. Embrulho as minhas pernas nuas e descanso na solidão, do meu gato preto, que ronrona a minha quietude estranha! Quase adormeço na melodia da língua doce que me encanta o passado, aconchegada num tu de memórias de todos os odores que me embriagam, inebriam, me tolhem a razão e me hidratam o corpo quase desnudo. Os cheiros! Odores! Sempre eles! E se eles não existissem?! Seria um corpo desalmado, despido de vida, despido de mim!