segunda-feira, 25 de julho de 2011

Aconchega-a...de vez em quando!



Contei quase todas as horas esta madrugada. Espalhei o meu cabelo, agora ondulado, no lugar vazio, branco, matizado apenas pelo odor da minha pele sem sinais teus.
E quando quase adormecia, acordavam-me as gaivotas, que insistem em estar ali, longe do mar. Cheirava a terra queimada, vinha de lá de fora o cheiro a quente, de um fogo que já não é gélido. A varanda continua paralela à linha do teu horizonte. Tu continuas paralelo à linha da minha vida. Só sei que não sais aqui de dentro. Disseram-me as cartas! Era inevitável que aparecesses por aqui, neste lugar meu. E porque não pode haver coincidências, permaneces nele. Ficarás nele. Creio que é isto, que se chama entregar a alma. Entreguei-te a minha. Já não tenho mais nenhuma para poder entregar, dar, enfim, presentear, a um outro. Um qualquer! Indefinido!
Inquieta-me onde a colocaste. Onde a guardaste. Em que vida tua?! Não gostaria de a saber por ai! Gosto do aconchego. Onde a defines? Onde está? Cuidas dela, de vez em quando?!
Escasseia o teu tempo! É o peso da instituição da tua assinatura em papel timbrado, religiosamente obedecido, com cheiro a flores, num altar, algures endeusado, perto de uma virgem plena de convenções sem emoção e toque sentido.
E o nome! O teu nome pronunciado na Vila, por nomes de rostos abstractos, alheios à tua própria alma! O teu nome convencional! Não o nome que te dei e que tatuei a tinta permanente, aqui na pele que te absorveu, inteira.
A minha alma é leve! As tuas convenções de um peso incomensurável! Em desequilíbrio, portanto, numa das tuas vidas! Onde a colocaste? Dentro da tua? Ou do lado de fora do teu outro nome?!
Basta que a aconchegues. De vez em quando!

1 comentário:

  1. "Teus beijos são alimento que me saciam a fome.
    Teus braços o aconchego de minha inquieta alma.
    Teu colo refugio de meus sentidos, meus pecados.

    Sou folha branca a espera de tuas tintas, tuas marcas.
    Perco-me na imensidão de teu ser, mistério e sedução.
    Fazes-me forte em minha fraqueza, deliciosa atracção.
    Sou moinho, morada de teus quixotescos sonhos...

    Penso-te nua na praia com ondas a te lamber o corpo.
    Repousas assim adormecida decorando o horizonte.
    Tua pele a contrastar o plenilúnio regendo as marés...
    O brilho em teu olhar ilumina a noite acanhando estrelas.
    A cena encanta, emociona como o nascer de um poema.

    Aprisiono-me nessa escrita, deito-me sobre teus versos.
    Levito em esfomeada fantasia na busca de teus lábios.
    Êxtase anunciado de insano querer, loucura e paixão.."

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