quinta-feira, 21 de julho de 2011

Vácuo...



Trocou o mar pela serra. Sozinha, sem o estar, ao fim da tarde, numa caminhada entre cardos, hortelã e toda a miscelânea de verde que não reconhece.
E o turbilhão de sentimentos de cores tão diferentes. O lilás, o branco, e o cinza. Este último que paralisa a vontade de decidir, de pensar, de seguir caminho. Este aqui, da cor da mochil...a que carrega o peso da pedra que teima em levar até ao cimo da montanha!
E o sol do outro lado, perto do seu mar que hoje perdeu o sal, a espuma e deve estar revolto, desgarrado, perdido, sem saber qual das sete ondas molhará de novo os dois!
E o amor impossível que não acontece, e que se ouve falar, em surdina, nas vozes de pessoas alheias ao sentir. E não há amores impossíveis, pensa ela! Das duas uma, ou se ama e se torna o amor possível, ou então tudo se contundiu e não era amor!
E não se fala do amor e de uma cabana. E não se lê uma história de uma princesa e fadas que trazem um príncipe belo, que a acorda de um longo sono, para a felicidade. Não é o enredo de uma novela de um canal qualquer da TV! ´
É quase o amor, sem o ser! É uma indefinição rodeada de coisas. Coisas! Casas, flores, sumo de laranja, salmão grelhado, um hotel exótico, uma camisa engomada a preceito. É um nome num sítio, gente conhecida, é o exemplo! São coisas! Que impedem de quantificar o sentimento que se guarda dentro do peito. São coisas demasiado importantes para tirar da mochila! O amor não cabe dentro dela! Nem na bolsinha de fora, que tem um zipper minúsculo! Quando muito aquele canivete suíço pequeno, de funções variadas, que cabia no bolso dos jeans, tal como ela cabia na palma da sua mão! Logo, não é o amor que cabe na mochila! Quando muito a imagem que se tem dele!
E é a revolta, e a angústia silenciosa, e o medo. As memórias. A perda. O tudo e o nada! O olhar o tempo parado. O diálogo mudo de sentido na mensagem que ele passa. O monólogo da solidão, a espera dela. A ausência ocupada dele, em justificações contraditórias ao seu sentir. O vácuo, na falta de coragem do virar a mesa num jogo limpo! As cartas de um baralho sem trunfos!
E ou se ama e é possível, ou não se ama e não é possível! O princípio lógico do terceiro excluído, sem meio-termo, sem hipóteses, sem aspas, sem talvez!

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