terça-feira, 23 de agosto de 2011

Sabor a tâmara



Cheira a quente!
Ela roça o sussurro da sua saia branca, debruada em fios dourados, missangas, de cores alaranjadas. Deixa o cabelo solto, escondido numa seda transparente, que lhe ensombra, de leve, os ombros morenos. O peito pequeno, solto, da blusa entreaberta, decorada de colares em madre pérola. Cheira a quente o quarto onde ele a espera! Quieto, na sua nudez de homem proibido e desejado numa luxúria delirante. Escasso o tempo, no sol abrasador de areia deserta. Ouve-se ao longe um dialecto estranho, de uma língua dobrada, quase bárbara. Escassa o tempo que cheira a sândalo. A porta fecha-se em silêncio. O branco da sua saia despe-se nas mãos dele, procura sedento a sua boca de licor adamascado. Embriaga-se no perfume doce. Não diz qualquer palavra. A língua dos dois enrola-se. Ela sente o sabor a tâmara. Fresca, a saliva que sacia a sede. Embrenha-se na pele morena e febril dele. Acetinados os seios dela, perdidos entre dedos que a mordiscam discretamente. Sedutora e frágil, enleva-se então no colo dele, sintoniza os movimentos no mesmo ritmo dos sons em tule, que se ouvem no odor a cálido. Os colares de madre pérola soltam-se em contas perdidas no peito dele, enquanto ele olha o seu rosto feminino, afastando o cabelo solto de uma boca carmim, de lábios trincados num prazer subtil e secreto. Só os olhos verdes de ambos se falam, se sorriem. Cúmplices nesse tempo distante da geografia que os uniu nesse dia. Ondula o corpo pequeno, naquele corpo de homem grande e seu. Naquele momento, seu! Serpente dócil, deslizante, sibilina e amante.
O dialecto bárbaro continua ali próximo. Demasiado próximo! E é no silêncio igual aos sussurros das missangas, que ambos se deleitam e explodem em mel Adocicado e molhado. Depois ela repousa. Feliz e exausta. Tatuada na alma do homem proibido de sabor a tâmara e pincelado de cheiro a quente.

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