sábado, 17 de dezembro de 2011

Uma talisca de nome timbrado...





Pediu-lhe o colo e o abraço. E a porta aberta para a alma misturada no corpo. Ela sorriu e disse sim. Esperou na soleira da porta. Viu amantes passarem de sorriso e sem medo de dedos em laço. Inalou o cheiro a mar perto da montanha e seguiu o sol com brilho sereno nos olhos. Parou o sonho em câmara lenta e vivia a intensidade do dia sem o outro sonho. Fechou a janela e impediu a nortada de entrar. Receou a brisa do mar das conchas e dos godos e mordeu o lábio numa tristeza doce. Ouviu o silêncio. Repetiu o som da melodia daquele silêncio. Primeiro horas depois dias. E sempre o silêncio. Levantou-se então de corpo dorido e pele adormecida da espera. Sentia um sono estranho, um chamamento qualquer, quase místico. Encostou a porta com cuidado e foi procurar uma folha de papel liso e branco. Escreveu um nome em letras maiúsculas. A brisa que esvoaçava nas janelas era agora mais forte. Quase a nortada trazida do mar que a seduz. Não havia luar e o azul da noite transformara-se num preto semblante carregado de frio. Deixou escorregar a folha de papel já não liso por entre a porta encostada. Sem brecha perceptível a olhares alheios, deixando apenas aquela talisca, pequena e doce, e o nome que impedia a porta de fechar com a força do vento norte!

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