segunda-feira, 14 de maio de 2012

Aquela que foi ao mar...

Ela perguntou. Ele disse-lhe que não gosta que lhe façam perguntas. Mas ela insistiu. Por aqui e por acolá. Mas ele é homem. Só entende o óbvio. As questões práticas. Diretas e sem polissemia. Então ela arriscou. – Porque ficaste com ela? Porquê ela e não eu? Afinal não sou eu quem te leva a ver o mar? Não sou eu que guardo teu riso e aconchego o teu choro? Não é ela quem está nos teus segredos, nas tuas contas aborrecidas e nos teus amigos mais amigos, sou eu quem lá está, tu sabes isso. Conheces o caminho de cor. Porquê não eu nos teus domingos, na tua água, na tua vida, no teu sol, no teu mapa, na tua geografia? - Porque ela chegou primeiro! Responde ele. Ah! Então é isso! Entendo! O teu amor é assim um jogo extraordinário de lugares. Eu esqueci que fui ver o mar! Esqueci de tirar a minha vez e quem vai ao mar perde o lugar! É justo e compreensível. Quando eu brincar outra vez ao faz de conta de amar, prometo deixar visível, num papel pintado a vermelho o meu nome: aquela que foi ao mar e perdeu o lugar!

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