terça-feira, 15 de maio de 2012

e...racionalmente

Descobri uma impossibilidade irracional que nos impede de fechar a porta. Sentidos debruados a pormenores peculiarmente nossos. O mar. A estrada. A montanha e as flores do campo. As palavras e a melodia. E uma qualquer coisa indefinível e sem adjectivação possível que nos empurra na mesma direcção. Não há nada a fazer. Os dias passam. Os nãos, precedidos de nunca mais, esvaziam-se em impulsos lentos que tornam a nossa realidade um diálogo permanente de escuta da nossa cumplicidade. Eu sigo o meu tempo. Tu olhas os ponteiros do relógio num sonho esfumado entre os dedos. Eu leio um livro desencontrado do teu quotidiano. Tu segues os teus passos no teu jardim onde não permaneço. Eu sigo o vento Norte, despenteio a ondulação rebelde do meu cabelo e tu olhas as mulheres na tua sedução verde, imiscuída na tua pele. Mas num ponto cardial desordenado e desorientado do resto do mundo, permanece um Nós, sem equívocos e sem nós, que nos empurra no mesmo laço, ancorado em sítios com alma. No mesmo voo, de dois pássaros, eternamente à procura do mesmo ninho, sem formatação ideal ou projectos de sentido obrigatório. É irracionalmente impossível o deslace desse Nós! É racionalmente impossível o meu vazio, quando partes nela…

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