quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Janela indecorosa

Não plantei amores-perfeitos. Levou-os as chuvas atípicas deste Agosto imperfeito. Foram-se também as palavras das ideias difusas e sem o sal agreste do nosso mar que fica aquém do sonho daquele horizonte que tu e eu sorvíamos na pele quente um do outro. Confundi as cores lilás e amarelas com o branco das flores daquela magnólia que ficaram por nascer. Ainda! Vi o sol tímido de um laranja doce na colina que desvenda a janela de um quarto, de uma cama por desfazer, da pressa da fome urgente, do nosso cheiro imiscuído no suor perfeitamente amargo das tuas pernas abrindo indecorosamente as minhas. Reflectiu a memória do desenho, da forma esculpida do meu seio na tua boca rosada, sabor a amora de uma montanha agreste, que me despenteia o cabelo liso e da tua língua que escreve intensa o meu ventre exclusivamente teu. Não plantei amores-perfeitos! Temos um tempo fora do tempo que dói dentro de uma alma misturada de búzios e margaridas salpicadas na encosta. Mas tenho o teu sumo transformado em seiva vermelha que corre lânguido no meu corpo pequeno mas grande de ti. E a janela! Na colina, daquele quarto…

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